RIZICULTURA | Encontro discutiu a viabilidade da produção de arroz irrigado no Marajó

 
As questões do desenvolvimento do Marajó, em especial, a prática da rizicultura, isto é, o cultivo do arroz, foram tema de encontro na manhã de terça-feira (29), na sede da Federação da Agricultura do Pará (Faepa), promovido em parceria entre a Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Conselho do Agronegócio do Estado (Consagro).

Além das entidades promotoras, o encontro teve a participação de organizações acadêmicas e de pesquisa, além dos deputados federais Valdir Colatto (PMDB-SC) e Paulo César Quartiero (DEM-RR), assim como do presidente Associação dos Arrozeiros de Roraima, Genor Faccio, e do presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), José Conrado.

Com o tema principal “A importância da contribuição do arroz irrigado para o desenvolvimento do Pará e do Brasil”, o encontro buscou mostrar como esse processo está sendo feito atualmente no Marajó, buscando respostas principalmente nas pesquisas sobre o assunto. O evento foi aberto pelo presidente da Faepa, Carlos Xavier, segundo o qual a entidade trabalha pela produção do Pará. “Nossa intenção é mostrar, com base em estudos, que o Marajó tem condições de voltar a ser um polo produtor, como já ocorreu há mais de 70 anos, quando o município de Breves foi um grande produtor de arroz”, lembrou.

Para o secretário especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, Sidney Rosa, o Governo do Pará tem o Marajó como foco, e está passando rapidamente do discurso à ação. “A intenção é fazer um Pará produtivo, juntando esforços num alinhamento de produção, seja extrativista ou com foco no turismo. Em breve vamos ter um melhoramento do transporte para aquela região, com uma nova lancha com capacidade para 138 passageiros e duas viagens diárias. Ainda estamos retomando os estudos para a hidrovia do Marajó, de suma importância para o transporte na ilha”, revelou.

O secretário de Estado de Agricultura, Hildegardo Nunes, disse que a reunião serviu para entender o desafio que é para o Estado vencer a pobreza e a desigualdade social. “As iniciativas de produção de arroz no Marajó servirão para equilibrar a balança comercial do Pará, já que ainda somos um importador de arroz. Vemos aquela região com potencial de alta produtividade, e que se deve se apoiar nos pilares da produção, do conhecimento e no de gestão e governança”, avaliou.
 

PRODUÇÃO

Atualmente, a ilha do Marajó tem um projeto de plantação de arroz irrigado no município de Cachoeira do Arari. O empreendimento foi iniciado há dois anos e meio, e já está em plena colheita da safra. A plantação já produziu mais de um milhão de sacas de arroz. Para que essa produção fosse escoada e colocada à venda no mercado paraense, foi construída uma estrada e um novo porto na ilha, o Caracará, inaugurado no fim do ano passado.

O empresário Genor Faccio, de Roraima, disse a região tem condições ideais para a produção de arroz, para que não haja necessidade de importação do produto dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os maiores produtores de arroz no Brasil. “No Marajó, há tudo de que se precisa: sol, água doce, terra e bom clima em abundância. Vejo no local um potencial muito grande e arrisco dizer que aquela região tem uma capacidade produtiva maior que Rio Grande do Sul e Santa Catarina, juntos”, afirmou.
 

CLIMA

O encontro também teve palestra do pesquisador sobre mudanças climáticas da Universidade de Alagoas Luís Carlos Molion, segundo o qual alguns estudos, como o da elevação do nível dos mares, na verdade, são mudanças cíclicas da própria natureza. “O nível dos mares varia naturalmente a cada 18 anos em função da variação da órbita da lua”, mostrou, com gráficos. O tema foi abordado porque há uma crença de que a água usada na irrigação do arroz no Marajó possa vir a contaminar os rios ou causar seca, o que não procede, segundo o pesquisador.

Outro pesquisador que fez considerações sobre a produção de arroz no Marajó foi Austrelino Silveira Filho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele disse que o Marajó tem condições de produção semelhantes às da China, que é o maior produtor mundial de arroz. “O arquipélago tem temperaturas médias de 24 graus, o que favorece as condições climáticas, tem solo com alta fertilidade e uma deposição constante de sedimentos feita pelas marés”, informou. O pesquisador afirmou ainda que, se bem planejada, uma plantação no local poderá colher até duas safras ao ano.

(Agência Pará)


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