SOURE | Projeto visa qualificar 300 professores e melhorar aprendizado de 2 mil estudantes


Pelo menos 300 professores da rede pública de ensino, em Soure, na Ilha do Marajó, vão receber capacitação para melhorar o aprendizado de quase 2 mil estudantes. A iniciativa, batizada de "Projeto Marajó", é da empresária Daniella d’Ávila, representante brasileira na Women’s Information Netwook (WIN), uma rede internacional de informação sobre mulheres presente em 152 países, e vai contar com a participação da educadora Yvonne Bezerra de Mello, fundadora do Projeto Uerê, voltado para a educação de crianças e jovens com bloqueios cognitivos e emocionais causados pela violência.

Durante uma semana, de 26 de janeiro a 2 de fevereiro, a rede formada por d’Ávila vai se concentrar em Soure, considerada a "capital" do Marajó. Além de Yvonne, especialistas como a promotora Liane Fiúza de Mello, do Ministério Público Estadual (MPE), Maria da Trindade Tavares, coordenadora de promoção dos direitos da mulher da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), a advogada Ana Celina Hamoy, coordenadora do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca), a musicista Glória Caputo, que comanda o projeto Vale Música, de profissionalização musical para crianças e jovens da rede pública de ensino, e a irmã Henriqueta Cavalcante, coordenadora regional da Comissão de Justiça e Paz da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também participam do projeto como palestrantes.

"Quando falamos em educação, não estamos falando apenas da aprendizagem em sala de aula, estamos falando de formação, por isso as famílias também serão envolvidas. A educação é a chave para a conscientização, para melhorar a autoestima, proporcionar mais saúde", enumera Daniella. A empresária conta que escolheu o Marajó para dar início ao projeto por conta da relação afetiva com a ilha. "Sou neta de marajoaras e cresci passando férias no Marajó". Mas também contribuíram os indicadores socioeconômicos do lugar. Apesar de reconhecido nacionalmente por suas belas praias, o arquipélago de quase 500 mil habitantes (Censo2001/IBGE) concentrou, no ano passado, em seus 16 municípios, a maioria dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Pará. No Marajó, a ausência de infraestrutura tem produzido problemas graves como fome, miséria e abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, entre muitos outros.

Para a idealizadora do Projeto Marajó, o enfrentamento dessa situação começa pela educação. "A educação vai possibilitar uma nova forma de pensar, de tomar decisões para a vida de cada um. Quanto mais educação uma mulher recebe, por exemplo, mais independente financeira e emocionalmente ela se torna, e está menos sujeita à violência doméstica". O primeiro passo para levar essa educação às comunidades marajoaras pode estar na mudança da metodologia adotada nas escolas. É o que defende Daniella e, por isso, a presença de Yvonne no evento. A educadora vai levar ao Marajó a metodologia Uerê-Mello, desenvolvida por ela, no Rio de Janeiro, para educar emocional e socialmente e melhorar os traumas causados pela violência que levam a dificuldades de aprendizado.

Fonte: O Liberal


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